Humberto Pietrogrande
“Vivemos num mundo em contradição. De um lado encontramos homens empenhados na conquista do espaço e do outro, milhões, talvez bilhões, de seres humanos que vivem em condições indignas de seres humanos.”
“Vivemos num mundo em contradição. De um lado encontramos homens empenhados na conquista do espaço e do outro, milhões, talvez bilhões, de seres humanos que vivem em condições indignas de seres humanos.”
Humberto Pietrogrande, filho do advogado Rinaldo Pietrogrande e de Elisa Romaro, nasceu em 1º de abril de 1930, na comuna de Pádua, na região do Vêneto, no norte da Itália. Em Pádua, entre os anos de 1935 e 1948, concluiu seus estudos primários e secundários.
Em 1953 concluiu o curso de Direito na Universidade de Pádua. Foi nomeado Procurador da República Italiana em 1955, função que exerceu até 1957, quando passou a dedicar-se exclusivamente à sua vocação religiosa.
Exerceu a função de presidente diocesano e regional da Juventude da Ação Católica na cidade de Pádua e na região do Vêneto. Ingressou no Noviciado da Companhia de Jesus, em Lonigo (Vicenza), em 1956. Na Pontifícia Faculdade de Filosofia Aloisianum de Gallarate fez o curso de filosofia e na Universidade de Parma concluiu o curso de pedagogia, ambos entre os anos de 1957 e 1961.
Sentindo um chamado missionário, chega em 3 de fevereiro de 1962 a Salvador no Brasil. Entre os anos de 1962 a 1965, concluiu os créditos de teologia no Colégio Cristo Rei em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, sendo ordenado sacerdote em 7 de dezembro de 1964.
Pietrogrande, já sacerdote ordenado, foi enviado, em 1965, a Anchieta para iniciar seu ministério. Teve, porém, que retornar a Florença, Itália, entre 1966 e 1967 para concluir sua terceira provação.
Padre Pietrogrande retornou a Anchieta em 1968; nesta cidade, em 26 de abril de 1968, fundou o Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES), um marco da Pedagogia da Alternância. Da experiência do MEPES, funda em 1969 a primeira Escola da Família Agrícola no Brasil, que seria precursora de centenas de outras experiências ao redor do mundo.Exerceu o ministério sacerdotal como cooperador e pároco de Anchieta e Alfredo Chaves.
Após dezoito anos de trabalhos no estado do Espírito Santo, em 1985, Padre Pietrogrande foi nomeado diretor da Escola Agrícola Santo Afonso Rodrigues e pároco da Paróquia do Divino Espírito Santo no Socopo, em Teresina. Por ocasião da sua ida para o Piauí, deixou a presidência do MEPES, passou a ser o presidente de honra e continuou a ser membro da Junta Diretora.
Em 12 de outubro de 1989 funda a Fundação Padre Antônio Dante Civieiro (FUNACI), em Teresina, dedicada às obras de caridade, assistência educacional e de saúde e apoio ao pequeno produtor rural e à sua família. A FUNACI, durante sua gestão, construiu cinco Escolas da Família e um Centro Carlos Novarese (para cursos profissionalizantes), o Hospital São Carlos Borromeo (no bairro da Pedra Mole, em Teresina), 13 creches e um Posto de Saúde, além de diversas congregações.
Em 20 de Abril de 1968, em Iconha, o fundador do MEPES, Pe. Humberto Pietrogrande, sintetizava no discurso de posse da primeira Diretoria do MEPES as pretensões do movimento:
“… A nossa quer ser uma resposta à miséria que encontramos no mundo, no Brasil e também no nosso Estado. Vivemos num mundo em contradição. De um lado encontramos homens empenhados na conquista do espaço e do outro, milhões, talvez bilhões, de seres humanos que vivem em condições indignas de seres humanos. Vivem subalimentados, material e espiritualmente, sem capacidades e sem possibilidades de desenvolver todas as capacidades que tem. Vivem à margem da sociedade, explorados, humilhados, esquecidos da própria sociedade. Vivem na dor e nos sofrimentos mais agudos. Não tem comida, não tem estudo, não tem trabalho. Às vezes, nem parecem seres humanos. Nós queremos despertar a consciência dos homens das nossas Comunidades sobre o valor da pessoa humana. O homem vale porque é “pessoa”. Também o analfabeto, a criança, o velho são pessoas, seres humanos, que tem uma dignidade superior a todas as outras criaturas. São capazes de falar e de entrar num diálogo de amor com os demais”.
Para a formação do MEPES participaram as seguintes Entidades: Sociedade Nacional de Instrução (Companhia de Jesus); Prefeituras Municipais da área; ACARES; AES (Associação Amigos do Espírito Santo – Padova – Itália).
Humberto Pietrogrande exercendo o ministério sacerdotal como cooperador e pároco na cidade de Anchieta, sede do santuário do século XVI dedicado ao Santo jesuíta José de Anchieta, no Espírito Santo, convida um grupo de amigos italianos para trabalharem juntos para melhorar a situação sócio-econômica da região, colonizada por imigrantes do Vêneto e Trentino no final do século XIX e início do século XX. A força de vontade do Padre Humberto e a disposição dos amigos, fundaram a Associação “Amigos do Estado Brasileiro do Espirito Santo” AES.
A principal atividade foi a promoção e modernização da agricultura local, principal atividade econômica da região. Em particular, decidiu-se centrar-se na formação através da introdução das Escolas Agrícolas Familiares francesas, com base na Pedagogia da Alternância. Ao longo dos anos o MEPES tem atuado com Escolas Famílias Agrícolas em diversas cidades do Espírito Santo e creches, hospital, e uma escola de turismo na cidade de Anchieta.
Em 1972 o Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, reconheceu a AES como uma Organização Não Governamental (ONG) e forneceu acesso a financiamento por parte do Ministério da Cooperação da União Europeia, a várias entidades públicas e privadas de outros Estados do Brasil e de outros países do hemisfério sul.
O sacerdote jesuíta Humberto Pietrigrande, fundador e presidente do MEPES, foi a primeira personalidade a ser agraciada com a Comenda Beato Anchieta.
A entrega da comenda aconteceu no sábado, dia 20 de novembro de 1993, no Ginásio de Eventos de Anchieta, na presença de milhares de convidados. Entre eles estavam o governador do Espírito Santo, Albuíno Azeredo; o senador João Calmon; o secretário de Transportes, Theodorico Ferraço; o sub-secretário de Transportes, Moacyr Carone Assad e outras autoridade, deputados e vereadores.
O prefeito de Anchieta, Edival Petri, fez o discurso de saudação e deixou o sacerdote muito emocionado. O prefeito contou como o padre Humberto, ainda muito jovem, deixou sua mãe na Itália para se dedicar ao trabalho missionário no Brasil. “Foi um momento difícil, mas ele obteve a benção da sua mãe, que só se conformou por ser um trabalho para Deus e para o próximo”, disse o prefeito.
Ao chegar a Salvador (Bahia), o sacerdote recebeu a notícia de que sua mãe tinha falecido, “o 25 anos dedicados ao MEPES representavam sempre sacrifícios e provocações, mas os frutos desse trabalho significam claramente as bençãos de Deus sobre a caminhada do padre Humberto”, concluiu.
O padre Humberto fez um discurso de agradecimento, bem no seu estilo humilde e bem humorado. “Me fizeram comendador, agora eu tenho que trabalhar mais, para estar à altura dessa honraria”, disse.
Para o sacerdote, a homenagem não é prestada a ele, mas a todos os diretores e amigos do MEPES. Por fim, o fundador do MEPES mostrou que está preocupado com o futuro da entidade: “Está tudo muito bem, hoje estamos em festa. Mas e amanhã? Passam as festas e recomeças as perigrinação, a busca ansiosa por recursos”, lembrou padre Humberto.
A comenda Beato Anchieta foi criada por iniciativa do prefeito Edival Petri e teve a aprovação unânime da Câmara dos Vereadores. É uma belíssima peça, confeccionada em ouro e prata maciços, com a efígie do beato José de Anchieta. O prefeito considerou a homenagem mais que justificada. “O MEPES realiza um trabalho pioneiro, que beneficia e honra a comunidade de Anchieta, o Espírito Santo e o Brasil”, concluiu.
Morreu em 5 de agosto de 2015, em Teresina, aos 85 anos, vítima de um acidente vascular cerebral, depois de meses internado no Hospital São Carlos Borromeu.
Os governadores Wellington Dias (PI) e Paulo Hartung (ES) decretaram três dias de luto oficial pela morte de Pietrogrande.
A morte de Padre Humberto Pietrogrande em agosto de 2015, deixou um legado não só de obras bem estabelecidas, mas ainda uma mensagem: independentemente do fim de um projeto, são todas as ações privilegiadas que promovem as pessoas e as comunidades locais em uma lógica de intercâmbio, que põe em movimento os caminhos reais de desenvolvimento.
foi criada por iniciativa do prefeito Edival Petri e teve a aprovação unânime da Câmara dos Vereadores. É uma belíssima peça, confeccionada em ouro e prata maciços, com a efígie do beato José de Anchieta. O prefeito considerou a homenagem mais que justificada. “O MEPES realiza um trabalho pioneiro, que beneficia e honra a comunidade de Anchieta, o Espírito Santo e o Brasil”, concluiu.
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